terça-feira, 10 de novembro de 2015

Imagem no cabide: Guarda-chuvas cotidianos



todos os dias recebo um guarda-chuva diferente.
Alguns coloco atrás da porta.
Mas a quantidade de guarda-chuvas não para de aumentar.


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Canção específica

Gustav Klimt
Eu quero uma canção que contemple flores, chocolate e chuva. Eu quero uma canção sem sentido, mas que seja feliz. Feliz no ritmo, no contra-tempo e no banjo, não pode faltar o banjo. Aliás pode faltar banjo, pode ser A cappella, só não pode faltar a felicidade. Pode até desafinar nas terminações, melhor ainda se for por emoção. Como já disse, não pode faltar felicidade. Talvez eu esteja pedindo demais, mas tente seguir as instruções: a música deve contemplar flores, chocolate chuva e felicidade.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Antigo esboço sobre religião


Texto no Cabide: Katiuska

Dia 02, meio de semana e ela arrumou-se como quem estivesse indo para um encontro amoroso. Na bolsa do lado esquerdo um desses acessórios que também serve como chaveiro de bolso. De um lado para o outro da casa ela ensaiava uma frase: "Embora tentasse não conseguiria te esquecer". Era tímida, travava em qualquer tentativa de argumentar amores. Certamente esqueceria da frase ensaiada no primeiro gesto direcionado a ele. 
Às 20 horas katiuska recebe uma ligação avisando que ele não poderia ir mais, já que sairia tarde do trabalho. Antes que ele terminasse de justificar ela disse de forma acalentadora: "Tudo bem".
Na frente do espelho registrou a foto do look para as redes sociais. Trocou a roupa, colocou o pijama e dormiu do lado contrário da cama, como sempre fazia todas as vezes que sentia que estava disposta a mudar.

sábado, 20 de junho de 2015

Texto no cabide: Pensamento de irmã

Ele fingia muito bem a simpatia. Por vezes até me ofereceu um café feito na hora. Conversou, desconversou como se nada tivesse sido desagradável entre nós. Fiquei por horas olhando para o nada através da janela, esperando a hora em que a conversa tomaria o rumo que eu desejava. Dessa vez eu estava decidida trilhar novos caminhos e deixar de lado os apegos que até ali só me fizeram envelhecer sem tanto perigo. Não queria me arrepender depois de ter me submetido tanto ao cinismo. Tenho 20 anos, agora em dezembro faço 21. Já é hora de desatar os nós da sandália e caminhar de pés no chão pela areia da praia.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

437



Vivenciei essa casa durante um bom tempo. Lembro de pelo menos quatro famílias que passaram por ela. Com todas famílias que moraram nessa casa, tive um vínculo afetivo muito forte, exceto a segunda. As quatro famílias que lembro tinha algo em comum: um pai alcoólatra, uma mãe que lutava pelo sustento da casa, e crianças que almejavam uma vida melhor.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Texto no cabide: Nu

Desarmado no canto da parede agora reinicio o silêncio.
Posso ouvir a gota d'água que sai do chuveiro. Ouço a energia dos eletrodomésticos das casas vizinhas.
Percebo nas mãos o vazio deixado por o que ali existiu.
Me encolho, me silencio. É o que resta, é o que tem de melhor pra fazer em dias de insônia.

Obra de Francis Bacon