segunda-feira, 28 de julho de 2014

Texto no Cabide: Aline


Ela é industriosa como uma abelha.
Feita de algodão doce com bônus de bexiga de soprar.
É olhar inquieto e simpático.
Tem mãos finas, pele clarinha, às vezes a bochecha é rosa.
Possui uma leveza nos movimentos e uma alegria que saltitam os trilhos dos dentes.
Tem dias que ela coloca um batom mais forte, um vestido estampado, senta na mesa e pede um suco, natural como tem que ser, suave como ela é, doce na medida.
Forçosamente ela busca seu grave, seu grotesco, sua parte mais bruta. Fico simplesmente rindo desse ensaio falho de quem só sabe ser o amor.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Texto no cabide: Na cama

Para de tagarelar feito louco no meu ouvido! Até ontem você não falava nada. Pensei até que estava zangado mesmo. Para de puxar meus cachos pra ver o tamanho do meu cabelo! Não já te disse que ele cresceu? Tudo bem que às vezes tenho sido grosso, mas você precisa viver mais um pouco pra perceber um tantinho do que eu gosto. Gosto de cafuné e abraço, por acaso você já me deu um abraço hoje? Não quero também que me dê agora simplesmente porque toquei no assunto. Amanhã quando eu lembrar menos da conversa de hoje você pode me dar esse abraço, pode ser como aquele último que me deu, ao lado da geladeira, foi demorado e inesperado. Hoje liguei pra Sandra, ela falou que não irá com a gente para o bar na sexta, acho que porque Galvão disse não se sentir a vontade ao sair com a turma toda. Não vou cancelar com todo mundo por causa de uma pessoa só. Ele que procure se adequar mais ao grupo. Terminou o filme de ontem? Três horas de filme, ninguém merece! Eu baixei dois filmes bem legais pra hoje a noite, um fala sobre uma menina que nasceu com uns problemas mentais, mas que possui uma habilidade imensa para lutar karatê, o outro fala de um grupo de amigos contemporâneos do Renato Russo e todo aquele sucesso do Legião Urbana. Tião? Você está cochilando enquanto falo? Vou fazer pipoca.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Texto no cabide: Conversas efêmeras






[desse e de outros mundos de onde se chegam noticias...
PS: inquietude tem sido um substantivo roto para definir minhas asas.
PPS: alugo substantivo ou metáfora mais eficaz.
PPPS: ou antes, adquire-se novas asas.]





[ Também sofro de inquietude nas asas Deisiane Barbosa. Às vezes penso que é por não ter encontrado o lugar ideal pra pousar. Já reparou como a vida tem sido um tanto ameaçadora? Sempre sempre me confundem com pássaros e já querem tacar pedra. Me sinto mais aliviado quando pouso em papeis. É um dos melhores lugares pra descansar o corpo, as angústias e as ideias. O disco rígido também tem me servido, afinal... tem sido complicado achar árvores nessas ruas desertas e modernas. Não estou reclamando, apenas temendo o que vá acontecer daqui pra frente. Enfim, passe aqui sempre que puder com seu rabiscário. (Rua do Chafariz, n. 63)]





[... a procura de árvores extintas / arvore em face de papel [esses galhos disfarçados, essas folhas onde me escondo] muito bem observado: eu que sou muito dada a fios [e desfios] me abrigo na linha do meu rabisco em papel. somos um gênero diferente de pássaro - só pode... - e desses há milhares -ainda que raros: milhares ainda que raros. eh por volta disso mesmo...]






Biografia Incompleta